Semana europeia alerta para importância do tubarão, uma espécie que “não é perigosa”

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O responsável diz que é essencial alterar a imagem que as pessoas têm do tubarão Foto: Monterey Bay Aquarium/Reuters

Os tubarões são importantes para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos e não são espécies perigosas. Esta é a principal mensagem da II Semana da Protecção do Tubarão em Portugal, que arranca hoje inserida numa iniciativa europeia.

Fernando dos Reis, da organização da Semana, explicou que estão previstas acções de formação e sensibilização nas universidades de Lisboa, Porto, Aveiro, Faro e pólo de Peniche e em vários aquários do país, como o Vasco da Gama ou o Fluviário de Mora.

A Marinha foi contactada para que realize acções de formação junto dos nadadores salvadores nas praias portuguesas, de modo a que não causem alarme entre os banhistas nas raras ocasiões em que é avistada uma das várias espécies de tubarão.

“É essencial alterar a imagem que as pessoas têm do tubarão e o mito de que é um comedor de homens. O tubarão não é perigoso”, frisou Fernando dos Reis, mergulhador que participa na coordenação da iniciativa em Portugal, juntamente com a Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação de Elasmobrânquios (APECE).

Várias espécies de tubarão, nomeadamente em Portugal, estão “praticamente extintas” devido à conjugação de alguns factores: a reprodução é naturalmente limitada, já que as fêmeas só têm entre duas a três e 20 a 30 crias e não milhões, como os peixes, o crescimento é lento e a captura aumentou devido ao crescimento da procura de barbatanas, principalmente na China, explicou. Entre as espécies com situação “mais problemática” está o cação.

Ao mesmo tempo, a Semana da Proteção do Tubarão pretende chamar a atenção dos responsáveis governamentais para a necessidade de proteger os tubarões, nomeadamente através das leis referentes à pesca e à caça marinha, limitando as quotas, mas também proibindo definitivamente uma prática “horrível” que é o corte das barbatanas em alto mar e o abandono da carcaça, como explicou à Lusa a presidente da organização Shark Advocates International.

Sonja Fordham, que se encontra em Lisboa para promover o evento, salientou que Portugal e Espanha são os únicos países da União Europeia (UE) em que os Governos dão aos pescadores a possibilidade de exercerem esta prática, embora, na maior parte dos casos, todo o animal seja aproveitado. No entanto, a separação das barbatanas dificulta que o resto do tubarão seja identificado e pode ser descarregado como se fosse outra espécie.

Está a decorrer uma petição entre os deputados do Parlamento Europeu para que seja levada a votação a proibição desta prática. Entre as 78 assinaturas já recolhidas, não há nomes portugueses, uma ausência lamentada por Fernando dos Reis.

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